Entrevista com Tatiana Rissin

Para a designer gráfica Tati Rissin, a vida gira em torno das formas, estampas e visuais. Formada em desenho Industrial, com habilitação em programação visual e pós graduada em marketing , Tatiana já criou  estampas para diversas marcas que são sinônimo de qualidade e bom gosto, como Nica Kessler, Verve e Lenny,



Sobre seu processo de trabalho:
  
      1)    Qual é o ponto de partida para as suas criações de estampas?
No processo criativo não existe receita. Às vezes as inspirações aparecem durante as pesquisas de tendências e feiras de moda da Europa e de NY, outras vezes (e arrisco dizer que daí surgem as melhores idéias) as inspirações vêm de forma espontânea, pode ser um sentimento, uma ocasião, uma foto, um quadro, um filme, qualquer fonte vale.
2)     Suas estampas são digitais ou manuais?
A criação das estampas começa sempre de forma manual, mesmo que seja por um rascunho a lápis. Dependendo da idéia e da sensação da estampa, podemos seguir pelo desenho manual (aquarelados, nanquim e outros) ou pelo desenho digital (fotomontagens, desenhos chapados, motivos com repetições simples e etc.). A finalização do desenho é sempre feita no computador, pois é necessário fazer a repetição dos motivos e a separação das cores para depois ser estampado.
3)    Há certos cuidados em relação as cores escolhidas por conta dos artigos usados?
Acho que de forma geral ainda é necessário ter algum cuidado com o uso dos vermelhos e bordôs. Mesmo com a evolução dos pigmentos e da estamparia, incluindo todo processo de preparação da base até seu acabamento, o risco de sangramento dessa cor existe. Com relação aos artigos, procuro saber a cor da base - PT, branco ou off White - antes de desenvolver a estampa, por exemplo, uma estampa idealizada para ter fundo branco não pode ser estampada em um artigo off white.
4)    Um tipo de tecido pode te limitar na criação?
Até hoje não passei por esse tipo de situação. Atualmente as tecelagens têm pessoal qualificado para dar todo tipo de informação sobre o artigo e melhor forma de estampar. Em muitos casos os fabricantes dos tecidos desenvolvem produtos em parceria com os clientes já com foco no seu uso final  que pode ser estampado ou tingido.
5)     Há tecido que você não estampa de jeito nenhum?
Nunca tive nenhuma restrição quanto ao tipo de tecido! Já criei estampas para poliéster, poliamida, lã, viscose, algodão, seda e até couro de cobra. Ainda não tive oportunidade de trabalhar com bases que usam metal em sua composição.
6)     E quais são os melhores?!
Gosto muito de trabalhar com bases de algodão, que geralmente tem bom rendimento da cor. O cetim também deixa a estampa sempre com mais vida e brilho, mas o resultado final sempre depende da soma entre artigo + estampa + modelagem.

Para a coleção da Nica preciso saber:

1)      Para esta coleção da Nica qual foi o processo de estampa?

Trabalhar com a Nica foi um grande prazer! Depois de discutirmos o tema, a Nica me passou algumas imagens do moodboard e a cartela de cores da coleção. Fiz alguns rascunhos com diferentes opções de traços e imagens e todas foram debatidas até chegarmos ao resultado final. A estilista tinha uma idéia bem formada do que queria e foi um processo delicioso!

2)     No caso específico do artigo Isabella, que é um tecido muito trabalhado, você teve que prepará-lo antes para receber a estampa ou ele te limitou na criação?

Não tive nenhuma limitação quanto à criação! As características do artigo Isabella não ofereceram nenhuma dificuldade na estamparia.

3)     Que tipo de tinta foi usada? E quais as cores?!

O artigo Isabella for estampado pelo processo digital, sem limitação de cores. O tipo de corante foi reativo.

4)     Quais os efeitos que se consegue com este artigo?!

No Isabella fizemos uma estampa com motivos delicados e um suave dégradé. O rendimento das cores ficou incrível e não sofreu nenhuma alteração de toque depois de estampado. O conjunto estampa + base trabalhada criou peças lindas e deliciosas de usar!


Para a coleção da Lenny:

1)      Para as coleções da Lenny qual foi o processo de estampa?!

O processo de criação nesse verão 2012 seguiu a proposta de celebrar 20 anos da Lenny, usando um pouco de cada uma das coleções que fizeram a história da marca. Trabalhar com a Lenny há anos foi fundamental para colocar o melhor de cada coleção em um só desfile.

2)     Quais foram os processos trabalhados na estamparia do artigo Lorenza nesta coleção?

Usamos estamparia digital e corante reativo e o artigo teve ótimo rendimento das cores que depois de acabado o toque continuou bem macio. Não tive nenhuma limitação e sua preparação e acabamentos seguiram os processos normais de toda base de fibras naturais.


5)     Quanto ao Nusa, o que foi que ele proporcionou de melhor na sua criação?

Já usei tantas vezes este artigo que fica difícil dizer quais as cores e processos que ficaram melhores. O rendimento de cor dessa base é ótimo! Como o Nusa tem a trama mais fechada e mais estruturada do que o Lorenza, as cores ficam mais intensas e os detalhes de desenho são muito ricos. E isso serve tanto para estamparia convencional a quadro quanto para estamparia digital. Não há limitação quanto ao Nusa! É só seguir o processo de estamparia no fluxo normal de bases em algodão.



6)     Quais os efeitos que se consegue com estes dois artigos?!

O Lorenza é uma base mais maleável, feito de linho com algodão, ideal para peças mais molinhas e confortáveis no verão. Fica lindo depois de estampado! O Nusa é um tecido de algodão que mesmo sendo mais estruturado tem um toque delicioso e deixa as peças estampadas com cores e nuances vivas e intensas.

Artigo Nusa

Artigo Lorenza

artigo Lorenza

Artigo Lorenza



 Entrevista por  Vanessa Rocha Rego

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