Uma história de amor com o índigo japonês
Cada vez mais, nos deparamos com pessoas
engajadas com movimentos sustentáveis, para podermos juntos, cuidarmos do nosso
mundo. Uma delas é a estudante de moda, Kiri Miyazaki de 29 anos, dona do
perfil Filme indigo, sobre uma mulher que planta
índigo japonês em sua casa com a finalidade de fazer tingimentos
naturais.
Vendo as fotos do perfil, temos a
sensação de amor pela natureza, com imagem de estufas, plantações e momentos
azuis, que ela tinge as roupas artesanalmente, e somado a tudo isso, há também
imagens que parecem ser de um filme, que é o seu projeto de TCC.
Por ser filha de japoneses, suas
raízes já vem entrelaçado com a cultura do índigo e quando voltou ao Brasil,
após passar três anos no Japão, ela entrou na faculdade e mesmo sendo relutante
quanto a isso, por achar moda algo superficial, ela percebeu que vai muito mais
além disso, que moda também é a reflexão e um estudo social da cultura e
comportamento das pessoas, de um determinado período.
Na faculdade, ela teve seu
primeiro contato com tingimentos têxteis naturais, durante uma aula e foi ali
que percebeu seu interesse por descobrir e pesquisar diferentes formas de
tingir, usando plantas e ate mesmo temperos, como o açafrão. Utilizando
ingredientes naturais que não agridem o meio ambiente.
Seguindo essa linha de tingimentos
naturais, Kiri começou a fazer cursos e em um deles, com Flávia Aranha, ela
conheceu o Índigo e descobriu que tem uma fazenda no Japão que planta e faz todo o processo de tingimento. Foi até lá realizar um curso de 30 dias e voltou
uma nova pessoa, pois agora tinha um projeto de vida.
Voltando ao Brasil, ela começou
suas pesquisas e experimentos, levando seis meses para conseguir germinar as
sementes de índigo japonês, devido ao fato de que, o solo brasileiro é
diferente do solo japonês e também possui outras condições climáticas, teve
diversos problemas no início pois não utilizavam nenhum tipo de veneno, em
respeito à suas crenças de uma plantação orgânica e então diminuiu sua produção
para 16 vasos em seu quintal.
E são esses vasos, que seu mundo
gira, visto que o índigo exige um cuidado diário, pois seu processo de extração
é diferente e acompanhado por um ritual, que leva um ano para ver o resultado
final: o Sukumo, que é o índigo fermentado para fazer a mistura do
tingimento.
O mais mágico é que o índigo natural,
pode ser usado em um maquinário industrial, entretanto nunca sairá no mesmo tom
de azul, não importa o que seja feito, por isso, o tingimento orgânico é
incrível, capaz de criar uma peça única, fugindo um pouco das produções em
grande escala.
Quando perguntada, sobre seu
objetivo final, a estudante de moda, responde que quer se dedicar ao ensino e
pesquisa. Iniciando no segundo semestre seu mestrado em tingimento natural, e
assim poder compartilhar seus conhecimentos e para que não caia no esquecimento,
inclusive, ela tem planos de lançar um livro com uma linguagem mais acessível.
E também quer ampliar sua produção para poder oferecer índigo para outros
artistas e profissionais.
Acesse o link, poder assistir ao teaser do documentário, que, segundo Kiri,
“é um documentário poético que dissemina a informação, mas também é um tratado
de paz com meus ancestrais
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